Ficção...à la Almodóvar ou Guimarães Rosa, ainda não sei.

Tudo começou assim, despretensiosamente, fui impelida a pensar que repararias em mim. E não é que consegui sacar lá de dentro a tua atenção? Num instante a resposta certeira arrebatou meu coração.
Depois de descobertas superficiais, passamos a coisas oficiais. Como uma história documentada, decidida em plena consciência factual, estabelecemos pois as nossas novas verdades inventadas... Mas era para ser assim? Parecia ficção escrita a punho por Guimarães Rosa. Só faltava se passar no sertão!
Então, eis que os sonhos se tornaram mais retos depois de uma tortuosidade assustadora. E as convicções novamente se assentaram. Nesse movimento não era mais nem eu, nem ele. Nos distribuíamos entre compromissos e compromissidades. Mas Guimarães Rosa não ficaria contente com nomes verdadeiros. Estou pensando, estou pensando....precisamos criar nomes! Para tudo, para todos.
Restaurar cada passo em seu sapato, cada atitude em sua hora certa, cada decisão em seu momento pontual. Mas, de repente, não mais que de repente, você fugiu... foi para longe sem avisar. Fez com que meus olhos procurassem pelo seu olhar nos buracos das fechaduras. Nessas horas descobri outras verdades.
Descobri que não há razões para amar. Descobri que os olhos se enchem de lágrimas com alguns pensamentos tolos. Descobri que há algumas fechaduras que não nos permitem ver do outro lado. Descobri que o céu é mais azul no outono e que vermelho combina com tudo. Descobri que o amor é vermelho... descobri que algumas flores se tornam mais fortes com o frio. Descobri que o sabor do vinho pode ser interpretado e nos levar pra fora ou para dentro, dependendo da intencionalidade a qual nos propomos.
Espera um minuto...o telefone está tocando.
Poxa...descobri que desde o início havia sim, uma pretensão forte e arrebatadora naquelas nossas primeiras palavras....descobri que sempre há.