Jollie
quinta-feira, fevereiro 2
Por que Paris? Ainda não sei...
"O que dizer de uma repentina mudança? Não tenho certeza do que fiz. Se a tivesse, certamente não teria sofrido com tantos julgamentos e falsos pesares. Mas quais são as desculpas que me acometem nesse momento? Que as felicidades que nos apresentam podem parecer maquiagens mal feitas sobre minha própria realidade.... E então, Paris parece ter sido uma boa opção. A melhor que tive, apesar do seu cheiro pestelento e pelas sufocantes nuvens de fumaça por todos os lados. Sentia arrepios ao me assentar ao lado daquela indigente que comia feito uma porca. Fedia e tinha sempre a tiracola uma bolsa maltrapilha na qual depositava o resto de pão que os fregueses deixavam ao sair do Café. Faltavam-lhe os dois dentes da frente e sorria como criança ao descobrir um brinquedo novo, a todo momento e por qualquer motivo. Ela me chocava. Cumprimentava todos que estivessem sentados. Às vezes, fingia não notar-lhe a presença. A maioria dos homens daqui ainda me chocam com seus cheiros mal cozidos de algo estragado. Mas ele tinha um cheiro diferente e eu definitivamente não era como aquelas putas que diziam se deliciar com cheiros masculinos. Mendiguei uma oportunidade de emprego e, enfim, conheci Pierre. E aí a mudança que busquei finalmente mostrou-se complacente para comigo. Mas essa é uma história que não detalharei. Deixarei que pensem o que quiserem. Aproximarei meus ouvidos de bocas mal faladouras e me deliciarei com o que irão pensar de mim."
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