Quando eu estava no segundo grau, os professores de literatura me diziam que ler Clarice era extremamente difícil porque ela demonstrava em seus escritos seu profundo sofrimento. Quando quis lê-la, por indicação de um amigo, me identifiquei com uma narrativa no qual o ser humano e suas relações com o mundo vem abstratamente de dentro do personagem.
Vai um trecho para a nossa apreciação:
"Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que a nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia."
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