segunda-feira, outubro 18

O que dizer de Clarice...

Quando eu estava no segundo grau, os professores de literatura me diziam que ler Clarice era extremamente difícil porque ela demonstrava em seus escritos seu profundo sofrimento. Quando quis lê-la, por indicação de um amigo, me identifiquei com uma narrativa no qual o ser humano e suas relações com o mundo vem abstratamente de dentro do personagem.
Vai um trecho para a nossa apreciação:

"Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que a nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia."

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